Disney: mercado de sonhos
- Autor Anônimo
- 5 de jul. de 2016
- 3 min de leitura

Castelo da Cinderela. Foto: Reprodução.
Eu nem mesmo sabia que um coração poderia armazenar tanta ansiedade. Estávamos no aeroporto, a pior parte já havia acabado: 10 horas de voo. Passei todo esse tempo tentando assistir um filme, dormir, comer, olhar as nuvens... cada minuto parecia ter pelo menos 2 horas de duração.
Os corredores abarrotados de gente, malas, carrinhos, lojas, pressa, sorrisos e rostos irritados. Era um longo percurso até a saída, cada loja que passávamos possuía alguma lembrancinha representativa daquele lugar. Depois de alguns minutos perdidas, informações dadas erradas e uma pitadinha de estresse, encontramos um taxi.
Já era noite, o céu não estava muito estrelado, as ruas eram bem mais largas do que as que estávamos acostumadas, o transito era calmo e o taxista não parava de tagarelar em espanhol, quanto mais dizíamos a ele que nossa língua mãe era português, mais ele insistia. Desistimos e deixamos ele falar à vontade.
Ao chegarmos no hotel fomos direto para a cama, a intenção era dormir cedo para chegar logo amanhã e podermos finalmente aproveitar a cidade. Inevitavelmente se tornou impossível cair no sono, as borboletas no estomago voavam descontroladamente dentro de mim. Pareciam estar se espalhando pelo meu corpo ao ponto que não aguentava mais ficar deitada, saí para dar uma volta.
O lugar era enorme, cheio de arvores, o ar era fresco, bem afastado do centro. Andando pelo estacionamento pude ver as mais variadas marcas de carros, tais quais na minha cidade natal eu via no máximo em vitrines, outros, apenas pela TV mesmo. Aparentemente não importa se você está no centro ou não, em qualquer lugar vai ter uma variedade enorme de lojas, gap, hollister, tommy e todos esses nomes conhecidos como ostensivos no Brasil mas comum por lá. Quando olho no relógio: 23:40.
Voltei para o meu quarto e tentei dormir, a próxima coisa que eu sei amanheceu e todo mundo já está se arrumando. Levantei com um pulo e me aprontei em poucos minutos. E lá fomos nós, 4 meninas viajando sozinhas pela primeira vez. Os sorrisos mal cabiam naqueles rostinhos menores de idade. Os olhos brilhavam e apesar de ser cedo, o sol já brilhava bem alto. Seria um dia quente.
Entramos no ônibus, incrivelmente cheio, o motorista era provavelmente a pessoa mais animada ali. Enquanto dirigia ele elaborava rimas sobre os passageiros e combinava com uma batida de rap. Cantou sobre o casal holandês, brincou com as crianças de Nova Iorque e é claro que não deixou de evidenciar as garotas brasileiras.
Até que enfim chegamos ao nosso destino, como o esperado, estava extremamente cheio. Pessoas de todos os lugares do mundo, um casal perdido discutia no que parecia ser alemão, uma criança pedia sorvete para a mãe em espanhol, duas senhoras apertavam o passo argumentando em francês, uma família de olhinhos puxados conversavam em alguma língua oriental e na fila da bilheteria um grupo de adolescentes gritavam entusiasmadas palavras em português.
Finalmente entramos no recinto, era tão grande que meus olhos não alcançavam o final. O coração estava a mil, a impressão era de que havíamos entrado em uma nova cidade, lojinhas fofas e coloridas estavam em todos os lugares. Um homem carrega uma penca enorme de balões à gás, carrinhos de picolé, cachorro-quente, algodão-doce estão em toda parte.
Naquele momento, naquele lugar, não existiam “velhos demais” e muito menos “jovem demais” todos pareciam atingir um mesmo estado de espírito. Tudo aquilo parecia surreal, quando diziam sobre a magia, não era exagero. O ar era diferente, a energia era diferente, as pessoas eram diferentes, nós erámos diferentes.
Cada pequeno detalhe, o meio fio da rua, as rachaduras do asfalto, a banda escolar que passa tocando, os pais empurrando as crianças em seus carrinhos de bebe, a cor azul do céu, os personagens que até aquele momento eu só havia visto em desenho, o sol brilhava mais forte e nossos olhos brilhavam tanto quanto ele.
Andamos e admiramos cada ponto minuciosamente, até que chegamos ao principal. Paramos em frente aquele enorme monumento azul e branco, não era qualquer um, era o monumento. Vimos ele tantas vezes nos filmes, mas naquele momento, quando enxergamos ele, totalmente real, de tijolos e cimento, bem à frente de nossos narizes, era uma emoção inexplicável. As borboletas que na noite anterior ocupavam meu estomago, naquele instante, provavelmente estavam voando livremente e sentindo a mágica presente naquela atmosfera.
Foi só ali, parada em frente aquele enorme castelo, que realmente caiu a ficha, naquele segundo eu percebi, nós estávamos realmente lá, aquilo era real, nós estávamos absorvendo a magia dela, aquela tão famosa, Disney.
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